terça-feira, abril 05, 2005

Morte do Papa e Ressureição da Bizz

Já que a dita cuja ensaia voltar às bancas no formato e freqüência em que foi consagrada ainda este mês vou ressucitar um post que coloquei no Orkut há mais de sete meses atrás...

Acho muito saudável discutir sobre um produto que seja vendedor e vencedor, todo mundo com um mínimo de vivência no mundo corporativo sabe como isso é vital, mas acho que produtos podem ter nichos, vendendo pouco e sendo lucrativos. Especificamente neste caso, na minha humilde opinião de leigo, a sinergia de uma boa estrutura de uma agência de notícias facilitaria muito as coisas. Enfim, continuo sentindo falta de uma boa revista de música no Brasil com tudo o que vocês vem falando por aqui e muito mais.

Afinal, a Bizz era uma "puta" revista sim! Pelo menos para quem era adolescente/jovem adulto e gostava de música na década de 80/começo de 90... para outros segmentos tenho minhas dúvidas. O fato é que opiniões inteligentes - concordemos ou não - são sempre instigantes e elas - inclusive proferidas por muitos do que estão por aqui - apareciam de sobra na maioria do conteúdo da revista. Afinal, do que precisam adolescentes? Formadores de opinião! Adultos querem um pouco mais do que isso - talvez usar sua bagagem para captar menos informação e discutir mais...

Portanto, sobre mídias digitais, mesmo que as tenhamos inseridas em avançados "gadgets" portáteis, nada se compara (ainda) à sensação de ter uma bela revista nas mãos. Ao mesmo tempo, não consigo mais me imaginar sem a Internet e adicionando vejo que as mídias não devem ser concorrentes e sim complementares. Por mais que Londres tenha jornais duas vezes ao dia, nada físico se comparará a esta velocidade que experimentamos neste meio, sem falar na interatividade. Nada contra os blogs - eles existirão na medida em que as pessoas sintam necessidade de dizer algo consistente que ainda não foi dito - mas não é difícil separar o joio do trigo. Ainda assim, um blogueiro "medíocre" e egocêntrico pode dizer uma ou outra coisa brilhante ou mesmo interessante.

Isso me remete a um papo recorrente sobre o papel do editor. Tirando a parte científica do processo de edição, inegavelmente necessária, a parte lúdica, ou seja, o "feeling" sobre as capas vendedoras é que me tira do sério. Como já foi dito aqui, em princípio, é totalmente incongruente achar que a Britney possa ser capa dessa possível revista, entendendo os assuntos e a profundidade do que seria tratado por lá. Talvez a atriz Juliette Lewis que acabou de lançar um disco e quer abrir a turnê do Darkness fosse suficientemente instigante por ser inusitada e não subestimaria os leitores. Agora, se a Britney tem conteúdo a ponto de gerar uma pauta que não agrida mentes minimamente pensantes, mudo de idéia... mas capa, de graça, não!

Finalizando, acho que há muita vida inteligente na crônica e na crítica jornalística cultural, só não sei se há público suficiente(mente) interessado nisso a ponto de viabilizar a manutenção de uma publicação, mas ainda assim me pergunto o que faz uma Abril acreditar em nichos atendidos por PHT, Mundo Estranho e Witch e não nessa sonhada revista sobre música ou sei lá mais o quê. Respondendo à pergunta do tópico, devo dizer que leio muita coisa do que foi falado aqui, mas como ninguém comentou, gostaria de incluir as seções de cultura dos grandes jornais, que na medida do possível, talvez subconscientemente, tentam preencher lacunas assistindo aos órfãos da Bizz.

Publicado em 21/8/2004 no Orkut