terça-feira, agosto 31, 2004

O Rio perdeu a vocação para o Rock?

Ou será que nunca teve? Até que nos idos de 86-88, muita gente ótima deu as caras por aqui. Mas atualmente, não dá pra acreditar que tanta gente boa vem ao Brasil e à América do Sul, mas ninguém vem ao Rio. O que está acontecendo com a nossa cidade? Nos últimos meses posso me lembrar das vindas de inúmeros artistas que simplesmente passaram longe por aqui. Não vou me ater aos motivos, que certamente são muitos e transcendem a minha sã sapiência. O fato é que há algo aqui que amedronta os empresários e promotores e a culpa deve ser nossa.

Bem, dos que vieram (Pixies, Pretenders, Linkin Park) aos que dizem que virão (Libertines, Primal Scream, Kraftwerk, PJ Harvey e até o Morrissey na Argentina!) - praticamente só Sampa na fita. Alguns irão dizer que a cena roqueira por lá é incomparável; outros dirão que foram os festivais quem conseguiram tais façanhas. Mas antigamente, cumprir o circuito Rio-Sampa era quase sine qua non para uma vinda ao país. Pra piorar, os festivais só acontecem fora daqui... e chegamos à famosa teoria sobre quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?.

Só nos resta rezar que os novos ícones da MTV UK não nos façam mais essa desfeita caso venham visitar os "hermanos" aqui de baixo. Aliás, muito legal é ouvir "Pictures Of You" na propaganda da HP sobre fotografia digital. Não foi a toa que eles inventaram uma capinha adesiva irada (chamada de "tattoo"), baseada no disco novo do The Cure, para o iPod especial que a Apple está vendendo na HP Digital Music para dar uma carinha diferente nesses lindos bichinhos.

terça-feira, agosto 10, 2004

Álbuns que nunca saíram em CD

Segue o post que coloquei no topic levantado pela comunidade Bizz do Orkut. Vale ressaltar que - profético ou não - todos estes álbuns foram resenhados por mim na inauguração da minha outra birosca em 98... e pra piorar a situação, a do Finis eu fiz originalmente na década de 80 - estamos ficando velhos, minha gente! Os links pras resenhas estão ao longo do texto...

"O primeiro e único long-play do Finis Africae é um clássico do pós-punk brasileiro que saiu pela EMI em 87. Vida Difícil, do Leo Jaime, lançado pela Sony em 86, também é um ótimo disco, produzido pelo Liminha e com participações dos Paralamas em várias faixas. Marcou época por trazer composições mais sérias, vertente somente retomada no seu também ótimo disco de 95, Todo Amor. O K7 do Finis tinha a faixa bônus "Inferno", o do Leo tinha "A Lua E Eu", do Cassiano, um lance que era muito legal mas que as versões em CD de muitos dos discos da época não trazem - vai entender o porquê - tipo os bônus "Química (Ao Vivo)" no K7 do Dois (Legião Urbana) e "Não Pague Pra Ver (Ao Vivo)" no K7 do Psicoacústica (Ira!). No quesito "saiu mas pouca gente viu", ainda tem o Capital Inicial (e os dois primeiros álbuns são realmente muito bons), onde os quatro primeiros foram lançados em CD mas só são vendidos juntinhos em uma caixa que quase nunca custa menos de 80 reais."

sábado, agosto 07, 2004

Stone Roses e as listas de 10 mais

Pois é, desta vez foi o Stone Roses a figurar no primeiro lugar da lista dos 100 melhores álbuns britânicos emitida pelo Guardian, com o auxílio de 100 votantes da indústria da música, inclusive colocando o fantástico Revolver, dos Beatles, em segundo. A história deles não é pitoresca; depois do citado álbum - o primeiro, depois de uma sucessão de singles bem sucedidos - a banda foi caindo no ostracismo. Realmente o disco é muito bom, mas acho que essa medalha de ouro que arrumaram aí é um pouco demais pra ele.

Coincidência ou não, o NME anunciou que o vocalista Ian Brown - que já vai para o seu quinto álbum solo desde a dissolução - resolveu chamar uma banda cover do Stone Roses para acompanhá-lo em alguns shows só com músicas do seu antigo grupo e infelizmente nós mortais aqui da América do Sul vamos - pra variar - ficar chupando o dedo.

A lista traz ainda umas derrapadas do tipo Blue Lines do Massive Attack em nono lugar, Metal Box do PiL em décimo e nenhum disco do Cure entre os 100 melhores.

quinta-feira, agosto 05, 2004

Os álbuns que eu tive... [Parte 6]

Madonna - Madonna (1983)
Comprei o cassete em 1986 na Gabriela do Largo do Machado
Até hoje o melhor álbum dela, todas as faixas são "instant hit singles", há mais sensualidade aqui do que em qualquer outra tentativa posterior e muito groove pra fazer seus pés colarem na pista. Apesar de ter apelado em várias mídias com os discos Like A Virgin e Like A Prayer, com o livro Sex e passando inclusive pelo simulacro de masturbação no filme Na Cama Com Madonna, as Divinyls foram muito mais contundentes nessa linha com o seu único sucesso, I Touch Myself. Musicalmente, nenhuma das suas modestas misturas superou o impacto do seu primeiro disco, tanto que em 1987 o seu disco de remixes foi totalmente calcado neste disco, que ainda é gostoso de ouvir. Só ficou faltando uma balada - única área onde Madonna conseguiu marcar seus golzinhos desde então.

RPM - Quatro Coiotes (1988)
Comprei o vinil na antiga Brenno Rossi do Rio Sul
A história deste disco é super interessante. Jardel Sebba, na coluna JukeBox, descreve bem porque o álbum frustrou meio mundo e implodiu a própria banda. A questão é que o disco é bom e por ter sido um dos maiores encalhes da MPB - perdendo aó para o pavoroso Burguesia, do Cazuza - pouca gente ouviu. Da faixa título, um ótimo rock lisérgico e contagiante até A Dália Negra, passando por Partners e Um Caso De Amor Assim, as canções perderam a verve pop mas ganharam densidade. Tinha até um samba-rock composto pela banda com participação do "malandro" Bezerra da Silva... enfim, este álbum mostra bem como uma decepção pode causar danos irreparáveis. O RPM - e o Paulo Ricardo também - nunca mais conseguiu se reerguer criativamente depois desse salto. Eles não se prepararam para cair e a queda foi mortal...

Dio - The Last In Line (1984) e Sacred Heart (1985)
Comprei os dois cassetes em 1987 numa antiga loja na galeria Condor
Um dos meus primeiros ídolos do metal e uma das melhores vozes até hoje, que bota o tio Ozzy no chinelo. Na verdade, o melhor disco do Dio é o primeiro, Holy Diver (1983), mas esses dois dão seus pulinhos, principalmente ao vivo, retratados no ao vivo Intermission (1986) que ainda tem a fantástica Man On The Silver Mountain, da década de 70, gravada originalmente por ele com o Rainbow. Pra fechar o caixão, não é nem preciso dizer que o Black Sabbath com o Dio é de chorar!

terça-feira, agosto 03, 2004

O Revival dos Anos 80

Quem diria que os anos 80 iriam voltar com força total nos 00... nós já tínhamos visto este filme nas décadas de 80 com o revival dos 60 e em 90 com o revival dos 70, mas eu nunca imaginei que esta matemática dos fatídicos “20 anos” iria se perpetuar depois da geração da Internet. O triste é constatar que de lá pra cá muito pouco se fez em termos de cultura musical – considerando que o grunge nasceu no final dos 80.

Vem surgindo zilhões de eventos com o "melhor" dos anos 80 - e o pior, que diga-se de passagem ainda é bem melhor do que a nata dos 00 - e a reboque, uma afetação sem fim, com um propósito implícito de espinafrar as coisas legais e fazendo parecer que tudo era caricato naquela época, quando na verdade nós éramos autênticos. Pra piorar, na nova febre da Internet, o Orkut, uma plataforma de afiliação de redes de interesses, mesmo nas comunidades em que os membros são eminantemente filhotes dos 80, 99,87% dos comentários são abobrinhas recheadas com jiló (argh!).

No mercado editorial, a Abril não ressuscita a Bizz, mas lança uma série de filhos retardados da Super Interessante, tipo Flashback, Biografias e outros suplementos especiais que, convenhamos, são quase lamentáveis. Ainda bem que o José Augusto Lemos e o Jardel Sebba ainda escrevem por lá... Aí, tirando a Internet, sobram os jornais, com meia dúzia de gatos pingados segurando a bandeira da crítica musical cerebral e pronto.

O pior é que eu sou nostálgico por natureza. Adoro os anos 80, principalmente a sua música. Mas estou doido pra pintar um terremoto por aí pra ver se caem esses frutos podres que andam vagando e apareça uma maneira real da gente poder conhecer pontos de vista inteligentes, que principalmente nos instiguem a ir pra frente.