terça-feira, janeiro 25, 2005

Os álbuns que eu tive... [Parte 8]

The Smiths - Meat Is Murder (1985)
Comprei o vinil em 1986 no Carrefour da Barra
Foi o primeiro deles que comprei, mas não gostei "de cara"... aliás, também foi o primeiro álbum deles lançado no Brasil, no começo de 1986 - se não estou enganado, o primeiro vinil foi o EP de "The Boy With The Thorn In His Side" - e como a Bizz falava horrores (delícias?) da banda resolvi arriscar. Esse álbum ficou encostado até Bigmouth Strikes Again estourar nas rádios no final de 1986 e eu comprar o The Queen Is Dead e ficar chapado... e logo depois disso passei a achá-lo uma obra prima - aliás, qual álbum deles não é?

Interessante é que na versão americana em CD deste álbum (essa adição de faixas extras em edições de bandas inglesas - geralmente singles não lançados nos EUA - era bem comum nos anos 80/90), há uma faixa que não figurava no vinil original, "How Soon Is Now?". Esta música revolucionou o feedback em riffs de guitarra na década de 80 de uma maneira tão definitiva a ponto de fazer o The Edge se esconder atrás da árvore de Joshua... e a música acabou sendo coverizada por algumas bandas. Em buraco de paca, t.A.T.u. caminha dentro? Certamente que não, pois definitivamente a versão deles ficou horrível. Mas a do Love Spit Love (que aparece nas trilhas sonoras da série Charmed e do filme The Craft) ficou muito legal! Nas covers de outras músicas, a do Placebo para "Bigmouth Strikes Again" também ficou boa. Já a do Divine Comedy para "There Is A Light Than Never Goes Out", acabou ficando meio arrastada demais.

Cocteau Twins - Blue Bell Knoll (1988)
Comprei o cassete em 1989 nas Lojas Americanas da Rua das Laranjeiras
Comprei esse álbum assim que ele saiu pela Stilleto, uma finada gravadora brasileira que só lançou discaços! Quase chorei quando ouvi "Carolyn's Fingers" pela primeira vez. Aliás, o som da banda é tão inusitado que é difícil imaginar que isso pudesse ser retratado ao vivo e principalmente por isso eu adoraria ter ido aos shows no Brasil, mas no dia do show do Imperator (antiga casa de shows no Méier, RJ e recentemente reinaugurada) eu estava no segundo período da faculdade e tinha prova de Física II, mas só me lembro que durante a prova eu fiquei me remoendo por saber que a Liz Frazer e os seus meninos estavam a poucos quilômetros do Maracanã e eu lá perdendo tempo enrolando porque não tinha estudado quase nada... pra piorar, acabei repetindo essa matéria! Enfim, algum tempo depois consegui um pirata de um show de 93 gravado em K7 cuja qualidade do som estava bem legal, revelando pra mim alguns dos mistérios de como essa fantástica banda conseguia reproduzir seus cânticos e timbres ao vivo!

Leo Jaime - Todo Amor (1995)
Comprei o CD em 1999 na Virtual Music do Shopping Santa Mônica (Ribeirão Preto)
Dizer que este disco marcou o meu segundo semestre de 99 não seria nada demais, mas o que dizer de um disco que tem composições de Caetano, Djavan, Cassiano, Lulu Santos, Cazuza, Antônio Cícero e Ângela Rô Rô? Que foi produzido por Fábio Fonseca (lembram do hit "Não me iluda, vou te esquecer, você me perturba sem perceber"?), Liminha, Lulu Santos e Memê? E se eu dissesse que praticamente todas as regravações (sim, são poucas inéditas) ficaram infinitamente superiores à todas as outras versões anteriormente gravadas, incluindo as originais! Pra completar, tem Leo na sua melhor forma, cantando e também compondo - e as duas canções contidas no álbum deixaram aquele gostinho de "quero mais coisas autorais".

Bem, esse disco tocou muito menos do que merecia nas rádios (apenas "Preciso dizer que te amo" tocou, e bastante), vendeu muito menos do que poderia e talvez tenha frustrado ainda mais um Leo Jaime que já havia tentado expor a sua veia mais romântica e não teve a aceitação que esperava (o disco em questão é o Vida Difícil, de 1987, já resenhado por esta singular figura que vos escreve). Mas não é por isso eu estou aqui gastando a minha saliva (seriam pixels?) para dizer que este disco é genial pelo seu requinte, sua leveza e a sua simplicidade, ao mesmo tempo. É um disco humilde. Paulinho da Viola talvez gostasse de um adjetivo como esse. Além disso, para mim, quanto mais auto-biográfico melhor. Neste álbum, algumas peças se encaixaram como uma luva, não antes porém sem revirar alguns sentimentos...

Algumas faixas vão se costurando e montando um quebra-cabeças de desilusões... a canção cuja frase dá nome ao título do álbum é simplesmente fabulosa: "Tola foi você ao me abandonar desprezando tanto amor que eu tinha a dar", "Começo" continua: "Eu não quero nem saber os motivos, o porquê de você querer partir", "Eu amo você" diz: "Toda vez que eu penso em te dar o meu amor - penso que não vai ser possível te conquistar". Encerram a questão a faixa "Infiel": "Eu te quero bem, só não vou me deixar levar e ter como meu guia, meu farol, o seu coração inconstante" e em "Extravios", a confissão: "Eu sei que os extravios são necessários sim, a necessária parte do meu caminho sozinho".

A outra colcha de retalhos, bem menos depressiva, porém não menos bonita e profunda, começa com Esse brilho em teu olhar: "Contigo eu me esparramo, não tem engano, não nem erro não". Para "Preciso dizer que te amo", quaisquer comentários se fazem desnecessários. "Outono" cunha frases lindas, tais como "Gostar é atual, além de ser tão bom"; "Minha mulher" martela um dos adjetivos mais bonitos dos últimos tempos: "meu bichinho bonito" e "Sete mil vezes" aprofunda: "Sete mil vezes eu tornaria a viver assim sempre contigo transando sob as estrelas". Romântico, apaixonado, sentimental, enfim, quem não é? Pois é. Esse disco superpotencializa as suas emoções. Vá fundo, mas tome cuidado, nem sempre é bom ficar chorando copiosamente pelos cantos...

2 comentários:

Anônimo disse...

Cocteau Twins é o som mais maravilhoso que eu já ouvi em toda a minha vida...
Alexandra

Unknown disse...

Pawel, amigo, Fester. Os Smiths tiveram o Hatful of Hollow e o primeiro lançados ainda no começo de 85, gerando até um 'hype' entre o povo descolado e, veja vc, a garotada da Zona Sul. Essa moda local foi inclusive tema de matéria no JB. O Meat Is Murder, lançado também lá fora na mesma época, chegou aqui já no outono e todos os discos deles passaram a chegar sem atraso.
-d[ºLº]b-