Nunca fui rato de danceteria (sim, na minha época, isso era sinônimo de balada), até porque dançar nunca fez muito a minha praia, mas obviamente as casas noturnas (caramba, quanto mais falo, mais entrego a idade) que tinham uma pegada mais Rock, muitas vezes com música ao vivo, a gente acabava freqüentando. Hoje, mais de 10 anos sem saber as nuances da "night" (sim, este termo foi cunhado pouco antes da minha saída da mesma pela esquerda, como diria o saudoso leão da montanha), me parece que as coisas ficaram mais polarizadas e "show é show" e "balada é balada". Pode ser efeito da situação geográfica - é provável que em Sampa (e no Rio, quem sabe) ainda haja baladas de todo tipo, inclusive aquelas que tocam Rock, e onde, quem diria, as pessoas dançam!
Depois do final dos anos 70, o dance mais "clássico" já teve seus flertes: com o pós-punk no início dos anos 80 (ou sou só eu o maluco que consegue dançar com "Kick In The Eye" ou "Wax And Wane"?); diluindo o eletrônico do Kraftwerk no final dos anos 80 via Technotronic e Pop Will Eat Itself, só pra citar alguns; misturado com R'n'B e Hip Hop, da década de 90 até hoje; na festa dos DJ's autorais, até meados da década de 00; e mais recentemente, em crossovers bem interessantes - principalmente aqueles que emulam os 80 (já resenhei essa tendência aqui no blog em 2005), tipo The Rapture (o "Pieces of the People We Love" é todinho bom pra dançar!), o The Ting Tings ("That's Not My Name" e "Shut Up and Let Me Go" são bem legais) e a figuraça Lady Sovereign (que pegou a "Close To Me" do Cure e fez um rap inglês nervoso em "So Human")!
Ainda assim fico com a impressão de que o "dance" sempre fica dissociado das músicas mais "sérias", ou menos ortodoxas nas baladas mainstream, pelo menos enquanto vermos lixos do tipo "Alejandro" e "Pa Panamericano" bombando na "night". Enfim, se é pra ter letras robotizantes à prova de neurônios, prefiro a "Cicciolina" do Pop Will Eat Itself, que quem diria, virou hino "lado B" da Copa da Itália de 1990!