segunda-feira, agosto 30, 2010

Dançar ou Não Dançar?

Hoje fiquei triste sabendo da morte (suicídio?) de Charles Haddon, vocalista da banda londrina de eletropop Ou Est Le Swimming Pool, no último 20 de agosto. Os caras são de Camden (tem lugar melhor que aquele no mundo?) e estavam apenas começando a ajudar a criar vida inteligente na combalida dance music dos últimos tempos. Charles subiu numa antena de telecomunicações e caiu (se jogou?) de uma altura de 18 metros logo após terem tocado no descoladíssimo Pukkelpop Festival, na Bélgica. Ultimamente estavam abrindo pro La Roux, outra banda londrina bastante interessante com estilo bem semelhante, influenciada pelo synthpop londrino dos anos 80.

Nunca fui rato de danceteria (sim, na minha época, isso era sinônimo de balada), até porque dançar nunca fez muito a minha praia, mas obviamente as casas noturnas (caramba, quanto mais falo, mais entrego a idade) que tinham uma pegada mais Rock, muitas vezes com música ao vivo, a gente acabava freqüentando. Hoje, mais de 10 anos sem saber as nuances da "night" (sim, este termo foi cunhado pouco antes da minha saída da mesma pela esquerda, como diria o saudoso leão da montanha), me parece que as coisas ficaram mais polarizadas e "show é show" e "balada é balada". Pode ser efeito da situação geográfica - é provável que em Sampa (e no Rio, quem sabe) ainda haja baladas de todo tipo, inclusive aquelas que tocam Rock, e onde, quem diria, as pessoas dançam!

Depois do final dos anos 70, o dance mais "clássico" já teve seus flertes: com o pós-punk no início dos anos 80 (ou sou só eu o maluco que consegue dançar com "Kick In The Eye" ou "Wax And Wane"?); diluindo o eletrônico do Kraftwerk no final dos anos 80 via Technotronic e Pop Will Eat Itself, só pra citar alguns; misturado com R'n'B e Hip Hop, da década de 90 até hoje; na festa dos DJ's autorais, até meados da década de 00; e mais recentemente, em crossovers bem interessantes - principalmente aqueles que emulam os 80 (já resenhei essa tendência aqui no blog em 2005), tipo The Rapture (o "Pieces of the People We Love" é todinho bom pra dançar!), o The Ting Tings ("That's Not My Name" e "Shut Up and Let Me Go" são bem legais) e a figuraça Lady Sovereign (que pegou a "Close To Me" do Cure e fez um rap inglês nervoso em "So Human")!

Ainda assim fico com a impressão de que o "dance" sempre fica dissociado das músicas mais "sérias", ou menos ortodoxas nas baladas mainstream, pelo menos enquanto vermos lixos do tipo "Alejandro" e "Pa Panamericano" bombando na "night". Enfim, se é pra ter letras robotizantes à prova de neurônios, prefiro a "Cicciolina" do Pop Will Eat Itself, que quem diria, virou hino "lado B" da Copa da Itália de 1990!