sábado, outubro 22, 2005

Os Emuladores dos Anos 80

É inegável que boa parte da safra de bandas dos últimos dois anos é a melhor desde o movimento grunge deflagrado no início da década de 90. Independente do fato de que praticamente nenhuma das bandas traz muita novidade ao cenário musical, pelo menos entre si as bandas têm personalidade, assim como as bandas da década de 80 possuíam. O inusitado desta nova safra é que parece que cada uma das bandas parece ter escolhido uma outra banda para emular - o termo começou a ser utilizado mais freqüentemente a partir da década de 90, para designar programas em PC que simulavam jogos de Atari, Nintendo e outros videogames da década de 80. Claro, sou suspeito para exaltar as virtudes da safra, ainda que roubadas, já que os anos 80 são uma das minhas "cachaças" preferidas.

Portanto, o Kaiser Chiefs é um Clash revisitado, o Interpol é o novo Joy Division, o Killers lembra um Fine Young Cannibals com menos soul e mais guitarra, no Bloc Party ouvimos ecos de Cure, o Hot Hot Heat bebe da fonte dos New Romantic - movimento do início da década de 80 que tinha como expoente máximo o Duran Duran - e o Franz Ferdinand, ligeiramente mais esquizofênico que os demais, mistura o groove do Blondie, o minimalismo do Devo e a raiva contida do Pixies, destacando-se como a melhor banda da safra, ou a cereja do bolo, como queiram...

Tudo bem, alguns irão dizer que é tudo cópia, outros que é inspiração com um pouquinho de transpiração, mas a verdade é que em vez de somente ter destilado bons ingredientes, a geração bem que podia ter usado um liquidificador, para tentar criar um sabor que, além de inegavelmente fresco, fosse também diferente.

sábado, outubro 08, 2005

Que venha a noite !

Revi recentemente o filme "Bring On The Night" do Sting, movido pelo seu relançamento em DVD. Não há muita novidade - apenas clipes da época e fotos pouco inspiradas - a não ser pelas legendas, que ajudam a conhecer melhor o corpo (e a alma!) do The Police. O filme retrata o nascimento do repertório moldado com a ajuda de músicos da escola jazzística para a sua primeira turnê solo. Aliás, uma boa parte das canções interpretadas nessa turnê derivaram do seu primeiro álbum, "The Dream Of The Blue Turtles", que inclusive foi indicado ao Grammy de melhor álbum de Jazz - segundo Sting, para o seu desespero e posterior alívio por não ter ganhado o prêmio! Aproveitando a deixa, o próprio acabou de tecer comentários interessantes no seu sítio sobre este álbum, aproveitando seu 20º aniversário de lançamento.

Pois já em 1985, o professor era pretensioso e arrogante - imagem talvez cristalizada hoje em dia - mas inimaginável na época em que eu ouvia o disco duplo e delirava com os arranjos "jazzy" das delícias pop de Sting. Até hoje acho uma perfeita porta de entrada para se entender o Fusion (mistura de Jazz e Rock), visto que acabei me enveredando pelos caminhos de Stanley Jordan, Chick Corea e Spyro Gyra, mas não consegui evoluir na paixão pelo gênero até hoje - John Coltrane e Dave Brubeck para mim ainda são como "one hit wonders", rótulo clássico daqueles artistas onde um único sucesso passa a ser sua referência musical. Portanto, virtuosismo para mim, só com muitas pitadas de Pop, como fez muito bem, por exemplo, o Rush, a partir da década de 80.

Voltando ao Sting, não sei se pela falta de inspiração ou pela vontade de se enveredar por projetos mais arriscados que os musicais, ele resolveu fundar a ONG Mata Virgem no Brasil para captar recursos a favor da causa do índios caiapós e da floresta amazônica, hoje chamada de Rainforest Foundation. Não discuto a nobreza do gesto, mas o fato é que paralelamente o cara acabou perdendo a noção do ridículo. O antropólogo e cientista Walter Alves Neves, que também atuou como assessor da ONG, resumiu bem a questão, em entrevista para a Folha em 2002: "O Sting tinha um coração de ouro, coitado, mas, na questão antropológica, ele só tinha dois neurônios".

Este comentário curioso vai de encontro com um fato inusitado que ocorreu comigo em meados de 1992. Estava eu no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro quando me deparei com um sujeito de boina quadriculada, tênis bamba, calça surrada, óculos escuros, branquelo e com pinta de gringo e que parecia estar na mesma situação que eu: esperando alguém.

Pois bem, depois de alguns minutos observando o "gajo", dei-me conta de que aquele era o Sting. Mas como podia estar tão mulambento alguém aparentemente tão pintoso e vaidoso? Enfim, num rompante de tietagem, consegui papel e caneta e me aproximei para pedir um simples autógrafo. Gastei o meu melhor inglês para pedi-lo delicadamente, mas não é que o cara foi super grosso comigo dizendo que não queria ser percebido ali - dava pra notar pelos trajes à fantasia - e que eu ia estragar tudo se ele embarcasse na minha tietada?

Diante dessa, saí de fininho - muito irado - e levei uns bons anos pra botar algum outro disco do cara na vitrola...

sábado, outubro 01, 2005

Aposentadoria do Katrina

Sempre fiquei intrigado com a nomenclatura dos furacões. Não entendia bem o porquê dos nomes nmuito menos o porquê da ordem alfabética em que eles apareciam. Independente da catástrofe que aconteceu em Nova Orleans, o interessante é que quando um determinado nome está associado a um furacão que deu origens a eventos altamente catastróficos, ele sai da lista de nomes, que se repete a cada seis anos. Há muitos anos atrás, órgãos governamentais associados com o monitoramento dos furacões estudaram aspectos comportamentais e chegaram a conclusão de que chamá-los pelo nome seria mais eficaz em momentos de evacuação ou durante alertas nos noticiários.

Ou seja, isso ainda não foi confirmado, mas certamente o nome Katrina será aposentado desta lista. Com relação ao Rita, não sei, mas acredito que ele dance também. Será que no ritmo de Katrina & The Waves, uma banda new wave inglesa, conhecida pelo sucesso "Walking On Sunshine"? Mais detalhes no site do NHC.