terça-feira, agosto 31, 2004

O Rio perdeu a vocação para o Rock?

Ou será que nunca teve? Até que nos idos de 86-88, muita gente ótima deu as caras por aqui. Mas atualmente, não dá pra acreditar que tanta gente boa vem ao Brasil e à América do Sul, mas ninguém vem ao Rio. O que está acontecendo com a nossa cidade? Nos últimos meses posso me lembrar das vindas de inúmeros artistas que simplesmente passaram longe por aqui. Não vou me ater aos motivos, que certamente são muitos e transcendem a minha sã sapiência. O fato é que há algo aqui que amedronta os empresários e promotores e a culpa deve ser nossa.

Bem, dos que vieram (Pixies, Pretenders, Linkin Park) aos que dizem que virão (Libertines, Primal Scream, Kraftwerk, PJ Harvey e até o Morrissey na Argentina!) - praticamente só Sampa na fita. Alguns irão dizer que a cena roqueira por lá é incomparável; outros dirão que foram os festivais quem conseguiram tais façanhas. Mas antigamente, cumprir o circuito Rio-Sampa era quase sine qua non para uma vinda ao país. Pra piorar, os festivais só acontecem fora daqui... e chegamos à famosa teoria sobre quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?.

Só nos resta rezar que os novos ícones da MTV UK não nos façam mais essa desfeita caso venham visitar os "hermanos" aqui de baixo. Aliás, muito legal é ouvir "Pictures Of You" na propaganda da HP sobre fotografia digital. Não foi a toa que eles inventaram uma capinha adesiva irada (chamada de "tattoo"), baseada no disco novo do The Cure, para o iPod especial que a Apple está vendendo na HP Digital Music para dar uma carinha diferente nesses lindos bichinhos.

terça-feira, agosto 10, 2004

Álbuns que nunca saíram em CD

Segue o post que coloquei no topic levantado pela comunidade Bizz do Orkut. Vale ressaltar que - profético ou não - todos estes álbuns foram resenhados por mim na inauguração da minha outra birosca em 98... e pra piorar a situação, a do Finis eu fiz originalmente na década de 80 - estamos ficando velhos, minha gente! Os links pras resenhas estão ao longo do texto...

"O primeiro e único long-play do Finis Africae é um clássico do pós-punk brasileiro que saiu pela EMI em 87. Vida Difícil, do Leo Jaime, lançado pela Sony em 86, também é um ótimo disco, produzido pelo Liminha e com participações dos Paralamas em várias faixas. Marcou época por trazer composições mais sérias, vertente somente retomada no seu também ótimo disco de 95, Todo Amor. O K7 do Finis tinha a faixa bônus "Inferno", o do Leo tinha "A Lua E Eu", do Cassiano, um lance que era muito legal mas que as versões em CD de muitos dos discos da época não trazem - vai entender o porquê - tipo os bônus "Química (Ao Vivo)" no K7 do Dois (Legião Urbana) e "Não Pague Pra Ver (Ao Vivo)" no K7 do Psicoacústica (Ira!). No quesito "saiu mas pouca gente viu", ainda tem o Capital Inicial (e os dois primeiros álbuns são realmente muito bons), onde os quatro primeiros foram lançados em CD mas só são vendidos juntinhos em uma caixa que quase nunca custa menos de 80 reais."

sábado, agosto 07, 2004

Stone Roses e as listas de 10 mais

Pois é, desta vez foi o Stone Roses a figurar no primeiro lugar da lista dos 100 melhores álbuns britânicos emitida pelo Guardian, com o auxílio de 100 votantes da indústria da música, inclusive colocando o fantástico Revolver, dos Beatles, em segundo. A história deles não é pitoresca; depois do citado álbum - o primeiro, depois de uma sucessão de singles bem sucedidos - a banda foi caindo no ostracismo. Realmente o disco é muito bom, mas acho que essa medalha de ouro que arrumaram aí é um pouco demais pra ele.

Coincidência ou não, o NME anunciou que o vocalista Ian Brown - que já vai para o seu quinto álbum solo desde a dissolução - resolveu chamar uma banda cover do Stone Roses para acompanhá-lo em alguns shows só com músicas do seu antigo grupo e infelizmente nós mortais aqui da América do Sul vamos - pra variar - ficar chupando o dedo.

A lista traz ainda umas derrapadas do tipo Blue Lines do Massive Attack em nono lugar, Metal Box do PiL em décimo e nenhum disco do Cure entre os 100 melhores.

quinta-feira, agosto 05, 2004

Os álbuns que eu tive... [Parte 6]

Madonna - Madonna (1983)
Comprei o cassete em 1986 na Gabriela do Largo do Machado
Até hoje o melhor álbum dela, todas as faixas são "instant hit singles", há mais sensualidade aqui do que em qualquer outra tentativa posterior e muito groove pra fazer seus pés colarem na pista. Apesar de ter apelado em várias mídias com os discos Like A Virgin e Like A Prayer, com o livro Sex e passando inclusive pelo simulacro de masturbação no filme Na Cama Com Madonna, as Divinyls foram muito mais contundentes nessa linha com o seu único sucesso, I Touch Myself. Musicalmente, nenhuma das suas modestas misturas superou o impacto do seu primeiro disco, tanto que em 1987 o seu disco de remixes foi totalmente calcado neste disco, que ainda é gostoso de ouvir. Só ficou faltando uma balada - única área onde Madonna conseguiu marcar seus golzinhos desde então.

RPM - Quatro Coiotes (1988)
Comprei o vinil na antiga Brenno Rossi do Rio Sul
A história deste disco é super interessante. Jardel Sebba, na coluna JukeBox, descreve bem porque o álbum frustrou meio mundo e implodiu a própria banda. A questão é que o disco é bom e por ter sido um dos maiores encalhes da MPB - perdendo aó para o pavoroso Burguesia, do Cazuza - pouca gente ouviu. Da faixa título, um ótimo rock lisérgico e contagiante até A Dália Negra, passando por Partners e Um Caso De Amor Assim, as canções perderam a verve pop mas ganharam densidade. Tinha até um samba-rock composto pela banda com participação do "malandro" Bezerra da Silva... enfim, este álbum mostra bem como uma decepção pode causar danos irreparáveis. O RPM - e o Paulo Ricardo também - nunca mais conseguiu se reerguer criativamente depois desse salto. Eles não se prepararam para cair e a queda foi mortal...

Dio - The Last In Line (1984) e Sacred Heart (1985)
Comprei os dois cassetes em 1987 numa antiga loja na galeria Condor
Um dos meus primeiros ídolos do metal e uma das melhores vozes até hoje, que bota o tio Ozzy no chinelo. Na verdade, o melhor disco do Dio é o primeiro, Holy Diver (1983), mas esses dois dão seus pulinhos, principalmente ao vivo, retratados no ao vivo Intermission (1986) que ainda tem a fantástica Man On The Silver Mountain, da década de 70, gravada originalmente por ele com o Rainbow. Pra fechar o caixão, não é nem preciso dizer que o Black Sabbath com o Dio é de chorar!

terça-feira, agosto 03, 2004

O Revival dos Anos 80

Quem diria que os anos 80 iriam voltar com força total nos 00... nós já tínhamos visto este filme nas décadas de 80 com o revival dos 60 e em 90 com o revival dos 70, mas eu nunca imaginei que esta matemática dos fatídicos “20 anos” iria se perpetuar depois da geração da Internet. O triste é constatar que de lá pra cá muito pouco se fez em termos de cultura musical – considerando que o grunge nasceu no final dos 80.

Vem surgindo zilhões de eventos com o "melhor" dos anos 80 - e o pior, que diga-se de passagem ainda é bem melhor do que a nata dos 00 - e a reboque, uma afetação sem fim, com um propósito implícito de espinafrar as coisas legais e fazendo parecer que tudo era caricato naquela época, quando na verdade nós éramos autênticos. Pra piorar, na nova febre da Internet, o Orkut, uma plataforma de afiliação de redes de interesses, mesmo nas comunidades em que os membros são eminantemente filhotes dos 80, 99,87% dos comentários são abobrinhas recheadas com jiló (argh!).

No mercado editorial, a Abril não ressuscita a Bizz, mas lança uma série de filhos retardados da Super Interessante, tipo Flashback, Biografias e outros suplementos especiais que, convenhamos, são quase lamentáveis. Ainda bem que o José Augusto Lemos e o Jardel Sebba ainda escrevem por lá... Aí, tirando a Internet, sobram os jornais, com meia dúzia de gatos pingados segurando a bandeira da crítica musical cerebral e pronto.

O pior é que eu sou nostálgico por natureza. Adoro os anos 80, principalmente a sua música. Mas estou doido pra pintar um terremoto por aí pra ver se caem esses frutos podres que andam vagando e apareça uma maneira real da gente poder conhecer pontos de vista inteligentes, que principalmente nos instiguem a ir pra frente.

sexta-feira, julho 16, 2004

New Punk

Não sou especialista no novo punk que apareceu lá pelos idos da década de 90. Bad Religion, Green Day, Offspring e seus congêneres - incluindo o chamado emocore - realmente não fazem a minha cabeça. Mas não é que o Steriogram, uma banda da Nova Zelândia, parece bem interessante? Não conseguiria definí-los facilmente. Ouço ecos de Wonder Stuff, uma banda inglesa do final da década de 80 e de Cure do final da década de 70 - talvez por isso tenha achado tão legal. Além do mais, o clipe de Walkie Talkie Man é simplesmente um barato. Eu sempre gostei de desenhos com bonecos de massinha, mas neste a animação é praticamente toda feita com linha de tapeçaria, dando um toque super criativo e inovador!


quarta-feira, julho 14, 2004

Injustiças musicais

Eu já sabia que listas eram injustas. Claro que depois de publicar as nossas, fica latente que a indignação ou a raiva em relação às alheias são substituídas pelo arrependimento. De fato, o que é legal nessas listas é tão somente ressaltar as diferenças entre as pessoas e suscitar a discussão saudável sobre um determinado tópico, mesmo que no final, sempre prevaleça a máxima do "gosto não se discute".

Bom, o blá-blá-blá é só pra dizer que, no final das contas, gente boa demais ficou de fora. Então listarei aqui, pouco a pouco, aqueles dignos de menção, seguindo os mesmos critérios anteriormente descritos.

R.E.M. - Green (1988)
Beatles - Revolver (1966)
Titãs - Cabeça Dinossauro (1986)
Siouxsie & The Banshees - Superstition (1991)
O Rappa - Lado B Lado A (1999)
Swing Out Sister - Get In Touch With Yourself (1992)
Legião Urbana - Dois (1986)
Morrissey - Your Arsenal (1992)
Mundo Livre S.A. - Samba Esquema Noise (1994)
10,000 Maniacs - In My Tribe (1987)
Ed Motta - Entre e Ouça (1991)
Bauhaus - Mask (1981)
Pretenders - Viva El Amor (1999)
Chico Buarque - Meus Caros Amigos (1976)

sábado, julho 10, 2004

Os 10 melhores álbuns de todos os tempos

Já que o meu amigo Pocinha, da TocLoc (Locadora de CDs e DVDs) pediu aos sócios que fizessem sua listinha à lá "Alta Fidelidade" pra eleger os 10 melhores álbuns de todos os tempos - e como acaba que esse blog não fala de muito mais coisa a não ser música mesmo - vou tentar fazê-la. Eu já tinha feito uma vez uma listinha dos melhores 25 álbuns de metal para o Globo (ou pra Bizz, não me lembro), à pedido do Bernardo Araújo, mas essa lista que o Pocinha pediu vai ser dureza!

1. The Cure - Disintegration (1989)
2. The Smiths - The Queen Is Dead (1986)
3. Faith No More - Angel Dust (1992)
4. Everything But The Girl - Idlewild (1988)
5. Pixies - Surfer Rosa (1988)
6. Caetano Veloso - Circuladô (1991)
7. The Cult - Love (1985)
8. New Order - Low Life (1985)
9. Depeche Mode - Violator (1989)
10. Alice In Chains - Dirt (1992)

É claro que essa lista muda todo dia. Além disso, gostaria de fazer mais duas ressalvas sobre as minhas escolhas.

Primeiro, não coloquei nenhuma coletânea porque acho que nessas listas os álbuns devem ser eminantemente autorais, portanto, não acho justo incluir algum desse tipo se o artista teve uma carreira super respeitada e lançou um ótimo "the best of", mas os álbuns em si não eram tão consistentes - e eu colocaria vários nessa categoria: Bauhaus, Chico Buarque, Pretenders, enfim, tantos!

Segundo, não quis colocar o inverso: álbuns "perfeitos" de artistas com uma carreira, digamos, não tão profíqua e/ou duradoura; e eu citaria alguns que me vem à cabeça neste momento: o primeiro do Stone Roses, o primeiro do Sex Pistols, o primeiro do Sugarcubes, o Brick By Brick do Iggy Pop ou o Nevermind do Nirvana.

Pra finalizar, que não digam que eu copiei o Kyle do South Park quando ele diz a seguinte frase num certo episódio ao "herói" Robert Smith (que dublou a si próprio!) quando ele finalmente salva o mundo da dominação da "megera" Barbra Streisand: "Disintegration is the best album ever!".

quarta-feira, julho 07, 2004

Os álbuns que eu tive... [Parte 5]

Jesus & Mary Chain - Psychocandy (1985)
Comprei o vinil em 1987 nas Lojas Americanas de Laranjeiras
Esse odiei quando ouvi. Tive vontade de quebrar que nem o Cazé no Neurônio MTV. Achei desleixado, tosco e paradaço. Hoje percebo que pelo menos eles foram inovadores no conceito e os seus seguidores conseguiram aprimorar a fórmula. Na verdade não consegui gostar do Jesus & Mary Chain até que eles lançassem o seu terceiro álbum, o "Automatic" (1990), que hoje me lembra a mesma guinada que o Sisters of Mercy deu com o "Vision Thing" (1990), onde pitadas de testosterona, uma boa bateria eletrônica e uma tomada em 220 volts fizeram toda a diferença. Finalmente, o vocal doente e a guitarra senil estavam com mais "pegada" e também diferentes do segundo álbum, onde os toques de surf music anos 50 ainda não tinham me seduzido. Bom, no frigir dos ovos, os caras influenciaram muita gente boa, começando pelo My Bloddy Valentine e indo até o Oasis e passando pelo fenomenal Pixies, que inclusive fez uma fantástica releitura de um dos hits do "Automatic" no seu último álbum de estúdio, "Trompe Le Monde" (1992), antes do retorno triunfal em 2004.

Joy Division - Closer (1980)
Comprei o vinil em 1989 numa loja na Sete de Setembro
Comecei a freqüentar o centro da cidade na busca por sebos de discos, revistas e livros por essa época - a única exceção até esse momento eram as idas à Rua da Carioca para comprar encordoamentos e namorar as guitarras nas vitrines das lojas de instrumentos musicais. Ensaiei muito pra comprar esse álbum. Já gostava de New Order e tinha ótimas referências provenientes da Bizz, mas por algum motivo tinha receio de não gostar muito do som. Naquela época era difícil conhecer as bandas "obscuras", a não ser comprando os discos ou pegando emprestado com alguém, portanto, a gente tinha que se virar de algum jeito. Achar uma dessas "obras-primas" em sebos era tarefa árdua e como nenhum dos meus amigos gostava do Joy Division, eu tentava selecionar os melhores porque a grana era curta e a safra naquela época era profíqua. Na verdade, um outro motivo era um sentimento que tomava conta vez em outra de maneira bastante contundente comigo e se manifestava de várias formas e em várias fases: o radicalismo tipicamente adolescente. Achava muito rara a possibilidade do Joy Division superar o New Order de alguma maneira e fui retardando o projeto de ouví-los. Quando finalmente aconteceu - pra variar - demorei a entender. O minimalismo do som me causou uma certa repulsa e lembro que aconteceu igualzinho quando ouvi Siouxsie pela primeira vez, ao contrário do Cure, que sempre teve uma "pegada" que me encantava de graça. Mas foi só questão de tempo para se apaixonar pelo lirismo e a angústia das palavras e do timbre de Ian Curtis, admirar os ritmos inusitados de Stephen Morris e acompanhar o nascimento do baixo inconfundível de Peter Hook. Senti que tinha descoberto os mais puros representantes do punk que trocaram a revolta (adolescente?) pela depressão (adulta?) e que fatalmente naquele momento havia florescido uma das primeiras flores que compuseram o jardim que hoje chamamos de pós-punk.

Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens - Ao Vivo (1986)
Comprei o vinil em 1986 na antiga Mesbla do Passeio
Esse era um dos que eu ouvia saboreando um cornetto de creme com gotas de chocolate... era um ritual delicioso, mas raro porque eu dosava a gula pra poder comprar casssetes para gravar os álbuns que eu arrumava emprestado. Engraçado que os outros que eu ouvia seguindo o mesmo ritual - "Bring On The Night" (1986), do Sting, e o "Magic Touch" (1986), do Stanley Jordan - também tinham o mesmo clima (lendo as resenhas deles vai dar pra entender os porquês). Além de trazer uma nova roupagem para os clássicos do Kid Abelha, com versões estendidas e canções emendadas, o álbum tinha uma veia quase jazzística. Seria a recente saída do baixista e compositor Leoni a causadora dessa guinada nos arranjos? A vontade de exorcizar sua figura tão presente? O fato é que a banda até hoje não conseguiu superar a força daquelas composições e apesar de ter sustentado com louvor sua carreira desde então - e diga-se de passagem, sem altos e baixos, feito quase inédito entre as bandas do rock brasil 80 - e por essas e outras esse disco - quem diria - continua atual mesmo com a enxurrada de "acústicos" e "ao vivos" que foram lançados nesta década.

quinta-feira, julho 01, 2004

Cure de volta à ativa !!!

Parece ser muito bom esse disco novo do Cure. Só ouvi o single, "The End Of The World" e lembra tudo de melhor que Robert Smith já fez. É uma pena que o Hemisfério Norte todo se agita para esse tão esperado lançamento - sem falar da turnê dos caras, que já está rolando - e a gente aqui embaixo fica só babando...

domingo, fevereiro 29, 2004

Pixies tocam em Curitiba em Maio !!!

Carau, essa já é a notícia do ano - se bem que o novo álbum do Morrissey, "You Are The Quarry", a ser lançado em maio, depois de um hiato de 7 anos, aclamado como o melhor da carreira pela crítica especializada também promete. Mas não tem jeito. Depois de 12 anos, a volta do Pixies é a notícia mais bombástica de 2004. O problema é que eles só vão à Curitiba e só serão disponibilizados míseros três mil lugares. Só nos resta esperar o clamor dos fãs para que pinte um show em Sampa, ou quem sabe, na Cidade Maravilhosa...

sexta-feira, fevereiro 27, 2004

Os álbuns que eu tive... [Parte 4]

Pixies - Surfer Rosa (1988)
Comprei o vinil em 1989 numa loja na galeria Senador Vergueiro
Esse álbum foi recomendado pela amável dona desta loja que já não existe mais, sempre antenada com os últimos lançamentos, principalmente os alternativos. Lembro que ela arrumava umas fitas de vídeo com clipes gravados do “120 Minutes”, o Lado B da MTV americana, e eu passava tardes inteiras vendo os vídeos e ouvindo um monte de discos legais. O Pixies mexeu muito com a minha cabeça na época. Eu ainda era muito ortodoxo na definição do estilo das bandas – tipo, o Mission era gótico e os Pistols eram punks – e não conseguia imaginar nada no meio do caminho. Voilá! Parar o álbum no meio pra ficar falando abobrinha? Cantar um monte de coisas em espanhol? Vocais totalmente esquizofrênicos? Vocal feminino totalmente hipnótico com gosto de quero mais? Barulho, balada, pegada, "Surfer Rosa" é uma aula de rock vanguarda do começo ao fim.


Pretenders - Packed (1990)
Comprei o vinil em 1991 na Ultralar & Lazer do Catete
O primeiro álbum que eu ouvi do Pretenders foi o "The Singles" e obviamente gostei de cara de um monte de outras músicas além daquelas que já bombavam nas rádios normalmente. O sentimentalismo à flor da pele da Chrissie Hynde cai muito bem com as letras românticas e aquela voz de vibrato que ela faz. Esse disco veio na seqüência da turnê dessa coletânea – que pintou aqui no Hollywood Rock de 1988 - e tinha o Johnny Marr recém-saído dos Smiths. Ele acabou contribuindo com uma composição para esse disco, "When Will I See You", mas seu ego inflado fez com que ele não durasse na banda até a gravação de "Packed". O mais engraçado é que a Chrissie comenta no DVD "Loose in L.A.", que “se quisermos ouvir algo obscuro”, é só ouvir este disco. Talvez tenha sido o disco de menor vendagem da banda, realmente. Mas tem ótimas canções. Assim como todos os outros.


U2 - War (1983)
Ganhei o vinil de aniversário em janeiro de 1986
Já conhecia "New Year’s Day" desde o final de 1984 e não tinha me empolgado muito. Tinha achado um pouco pop e eu estava na busca de coisas mais vanguarda. Mas o clamor da crítica era tanto que eu resolvi sucumbir. Não gostei muito de primeira, achei sem graça, depois gostei bastante e hoje já nem gosto mais tanto assim. Depois de conhecer bem o R.E.M. e os Beatles, acho que o U2 parece um pouco vazio. Coisas da vida. Mas "The Refugee" e "Two Hearts Beat As One" são realmente obras primas.

terça-feira, fevereiro 17, 2004

I’m a Celebrity... Get Me Outta Here!!!

Putz, quem diria que essa febre de "big brother" iria contaminar o Johnny Rotten do Sex Pistols... o cara está num tipo de "No Limite", promovido pelo canal inglês ITV, filmado na Austrália. Realmente, depois da família do Ozzy na MTV, era só que faltava!!!

Só nos resta torcer pra alguém comprar os direitos e exibir essa farofa aqui pra gente... pra dar mais dramaticidade ainda à situação, as vendas do seminal álbum "Never Mind The Bollocks", lançado em 1977, dispararam no Reino Unido.

sábado, fevereiro 14, 2004

Os álbuns que eu tive... [Parte 3]

My Bloody Valentine - Isn't Anything (1988)
Comprei o vinil em 1989 nas Lojas Americanas da Rua das Laranjeiras
Ressucitar esse disco em época de "Encontros e desencontros" é chover no molhado. Essa banda me chocou profundamente por usar uma super-hiper-mega distorção em melodias serenas. Jesus & Mary Chain e Sonic Youth já haviam feito isso nos idos de 85, mas o diamante foi lapidado pelo My Bloody Valentine. "Soft And Snow (But Warm Inside)" é simplesmente matadora!

Morrissey - Viva Hate (1988)
Comprei o vinil em 1988 nas Lojas Americanas da Rua das Laranjeiras
O primeiro single deste álbum, "Suedehead", eu ouvi pela primeira vez deitado numa cama de hospital, poucas horas depois de ter acordado da anestesia de uma cirurgia de peritonite. Chorei como poucas vezes na vida. Diferente do Smiths, algumas faixas são superelaboradas, com andamento e sonoridade complexos; porém, "coincidentemente" igual ao Smiths, melhoram a cada audição.

Camisa De Vênus - Viva (1986)
Comprei o vinil em 1986 na Gramophone do Centro
Foi difícil achar esse álbum... procurei à beça, porque como duas faixas tinham sido censuradas (quem lembra disso?), rolava um certo "boicote velado" dos lojistas, além do conseqüente fenômeno de aumento de vendas por causa da mídia em cima da censura às faixas. Punk baiano com testosterona na veia e vários clássicos do Rock Brasil dos anos 80. A pervertida e subversiva versão de "My Way", conhecida com o Frank Sinatra, era uma das minhas favoritas; afinal, um adolescente sempre procura seus pretextos para poder falar seus palavrões bem alto e essa música - e não só essa - era um prato cheio!

Oingo Boingo - Dead Man's Party (1986)
Comprei o cassete em 1987 na Sendas da Voluntários da Pátria
Foi o primeiro álbum do Oingo Boingo a sair no Brasil e eu também comprei meio no susto, a faixa-título ainda não tinha estourado na Rádio e só "Just Another Day" dava um indício do que poderia ser a banda. Ajudou o fato de já ter ouvido bem de leve o importado "Only A Lad" (1983) na casa de um amigo. Mas o engraçado mesmo é que quando eu cheguei com essa fita no colégio, os surfistas da minha sala ficaram bolados e me ofereceram pelo K7 o dobro do que eu havia pago nele...

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

Os álbuns que eu tive... [Parte 2]

The Cure - Standing On A Beach - The Singles (1986)
Comprei o cassete em abril de 1987 na antiga Gabriela, 2º piso do Rio Sul
Acreditem ou não, eu só comecei a gostar deles depois que eles foram embora do Brasil. Até hoje ouço loas sobre os shows memoráveis que eles fizeram no Maracanãzinho, apesar do péssimo som que aquele lugar tinha. Bom, comecei com o pé direito, essa coletânea é um biscoito finíssimo, pois além de ser uma ótima apresentação das diversas facetas da banda, ainda conta com 12 faixas bônus extraídas de lados B de singles, que concorrem pau-a-pau com os lados A...

The Cult - Love (1985)
Comprei o vinil em 1987 numa loja ao lado do Lamas
Este foi mais um dos que eu comprei pela capa. Fazer o quê? A única rádio que tocava rock e arriscava umas bandas novas naquela época era a Fluminense FM e eu nunca fui muito de ouvir rádio. É claro que as ótimas referências da Bizz ajudaram, mas se eu fosse comprar tudo o que aqueles caras diziam que era bom, eu ia ter que roubar um banco por ano. Apesar disso, eu adorei o som dos caras e esse disco até hoje é o meu favorito deles, possivelmente figurando no meu Top 20.

New Order - Brotherhood (1986) e Low Life (1985)
Comprei os dois cassetes em 1988 numa loja na Galeria Condor
Mais uma vez a velha Bizz. Apesar do Low Life ter saído primeiro no Brasil, eu comprei primeiro o Brotherhood por causa de Bizarre Love Triangle, estourada no rádio. Lembro que achei bom na época e me empolguei pra comprar o outro tipo uma semana depois, esse sim, maravilhoso.

New Order - Power, Corruption & Lies (1983)
Comprei o cassete em 1989 na Gabriela do Barra Shopping
Acho que nessa época eu já tinha ouvido o Substance e me lembro que fiquei chapado. Aí a empolgação tomou conta e eu resolvi investir mais no New Order. Fiquei um pouco decepcionado na época, mas como eu só iria aprender um pouquinho depois, esse é o tipo de disco que entra naquela categoria em que a gente tem que escutar bastante pra entender - e gostar, claro!

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Os álbuns que eu tive...

Bom, estou começando a escrever sobre os álbuns e as bandas mais interessantes - do ponto de vista literário, vejam bem - para traçar um panorama da juventude e a música nas décadas de 80 e 90. Vou tentar ir postando por aqui de vez em quando algumas das crônicas pra já ir "esquentando as turbinas"...

A-ha - Scoundrel Days (1988)
Comprei o vinil em 1988 mas não me lembro aonde
O A-ha era uma daquelas bandas - assim como o Duran Duran e algumas outras - que sofriam da síndrome do "New Kids On The Block" e tiveram seus dias de "boy band", mas na verdade faziam um pop muito interessante se você tivesse disposição pra investigar a obra deles além dos sucessos radiofônicos e o preconceito instaurado na época. Lembro-me até hoje de um show que eles fizeram na Apoteose em 1989, já estouradaços no Brasil, pois foi o primeiro show internacional que eu fui sozinho (pros amigos dei a desculpa de que tinha ido levar a irmã!) e até que valeu à pena - apesar do som estar ruim como de costume nos idos de 80 em concertos em locais abertos. Até hoje penso como seria se o Wonderland tivesse gravado uma demo só com covers e tivéssemos colocado Manhattan Skyline... A-ha metal??? Só um louco como eu pra pensar nisso.

Alien Sex Fiend - Acid Bath (1986)
Comprei o vinil em 1990 num sebo na Rua das Laranjeiras
Esse álbum tem uma estória realmente engraçada. Além de ser mais um daqueles comprado pela capa e pela bênção da Bizz, o dito cujo estava com um arranhão violento pegando uma boa parte da faixa inicial mas novo - deve ter sido algum defeito de fabricação. Aí, o coitado não valia mais do que 50 centavos na época e é óbvio que isso também contribuiu bastante pra que eu levasse ele pra casa. Não é que essa escoriação no bichinho deu um toque todo especial ao punk-disco-psicodélico de In God We Trust e eu acabei me amarrando na banda?

Bangles - Different Light (1986)
Comprei o cassete em 1987 na Gabriela do Catete
Nem sei porque lembrei deste. Talvez pra ilustrar como a gente conhecia as coisas nesta época... fuçando! Ou talvez porque eu tivesse uma maior inclinação pro pop chiclete no final dessa década. Ele não durou muito comigo, passei pra frente num sebo ou joguei no lixo, nem me lembro.

Barão Vermelho - Declare Guerra (1986)
Comprei o vinil em 1986 na Sears de Botafogo
Eu não gostava (e ainda não gosto) muito do Cazuza. Pois bem, me pareceu interessante apostar nesse álbum por esse motivo principalmente. Gostei bastante e me lembro que, pra variar um pouco, eu ouvia ele em 45 rpm e gostava ainda mais!!! Pena que com o CD não dá pra fazer essas coisas facilmente como eu fazia com a minha vitrolinha Philips da década de 70, só girando uma chavinha... tinha até o 78 rpm, mas esse realmente deturpava totalmente a obra de qualquer um. "Linda e burra" é um clássico!

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Rock palpável

Esse seria o nome do meu programa, minha coluna, minha seção ou seja lá o que fosse - independente do meio - sobre música, desenvolvido por mim... mas se nem sei direito se esse blog aqui vai conseguir decolar, o que diria de um projeto assim tão etéreo. Pra piorar, como o dia não tem 40 horas, fica difícil ter disciplina oriental pra administrar tudo. Vamos ver se agora a coisa sai (no bom sentido, é claro)!

Estas são as músicas que não me saem da cabeça nos últimos dias:

Top 5
1. Letter To Memphis - Pixies
2. Peace Dog - Cult
3. All My Love - Led Zeppelin
4. Genius Of Love - Tom Tom Club
5. Cuckoo For Caca - Faith No More