terça-feira, dezembro 24, 2013

A melhor música de todas e o sentido do Natal

Outro dia estava com uns amigos e me perguntaram qual seria a minha música favorita de todos os tempos. Sinceramente, poucas vezes me fizeram uma pergunta tão difícil de responder de bate-pronto. Obviamente, a pergunta ficou martelando a minha cabeça até que eu chegasse a uma conclusão.

A música é "A Forest", do The Cure. A letra é simples, mas quase confessional. A melodia é enigmática e energética. Foi gravada em 1980 e desde então suas versões ao vivo variam em dinâmica, intensidade e duração - indo dos 4 minutos regulamentares a mais de 15 minutos de pura catarse. Eu seria capaz de ouví-la ininterruptamente por um fim de semana inteiro. Apesar de conhecê-la desde 1987, só tive a oportunidade de ver seu vídeo uns dois ou três anos depois. Suas imagens inspiraram a contra-capa do single do Wonderland, uma árvore solarizada.

Mas o que isso tudo tem a ver com o Natal? Minha visão sobre a data é bastante particular e talvez simplória. Até o final da minha infância, era a noite em que eu tinha a chance eventual de ganhar algum presente bastante desejado, mas nada muito além disso no tocante ao significado do evento. Eu até troquei minha mamadeira no Natal de 1980 por uma bicicleta - sim, eu tomei mamadeira até praticamente os sete anos. Obviamente, naquela época já não era mais um leitinho insosso, e sim um café com leite que eu mesmo preparava e esquentava no fogão.

Logo depois disso, a coisa meio que perdeu o rumo, e eu passei a frequentar o Natal na casa de amigos. Rapidamente, comecei a associar a data com um frenesi consumista e o ato forçado de comprar presentes - tétrico e aprisionante. Entretanto, por outro lado, foi aí mesmo que acabei talvez entendendo melhor e apreciando o maior sentido da "festividade": estar com quem se gosta. De fato, a melhor família é aquela que você escolhe - seja ela de sangue ou não.

As histórias se conectam quando eu me lembro que numa das inúmeras vezes que fui a Poços de Caldas com um grande amigo (ou um irmão escolhido, como eu prefiro dizer), acabamos num show vespertino de uma banda cover e eu, um cara de pau que não pode ver um palco porque logo quer dar uma canja, resolvi pedir à banda no intervalo para cantar uma música. Estamos falando provavelmente de 1993 e perguntei se eles tocavam alguma do The Cure. Eles disseram que costumavam tocar "A Forest", que definitivamente não é um dos hits da banda. Subi, cantei a música numa performance memorável, mas temo que ele não vá se lembrar disso. Entretanto, da pergunta de outro dia, creio que sim.

Hoje à noite estaremos juntos, não porque pretensamente alguém nasceu ou porque precisemos seguir algum ritual. Simplesmente porque é muito bom celebrar a vida. Portanto, um obrigado muito carinhoso a todos vocês que de alguma maneira me ajudaram nessa tarefa, e que sempre nos lembremos, como diria um outro amigo, de que o tal "Natal" também deve acontecer nos outros 364 dias do ano, com gentileza, respeito e sobretudo, amor pelo próximo.