sábado, dezembro 12, 2009

As Cinco Músicas Mais Ouvidas Nas Últimas Semanas

"Just A Man", Faith No More
"Bricks And Mortar", Editors
"Some Heads Are Gonna Roll", Judas Priest
"A Pain That I'm Used To", Depeche Mode
"11 y 6", Fito Paez

As explicações virão em seguida... ou não!

sábado, agosto 22, 2009

Como lidar com a morte?

(Texto originalmente publicado em 2000 no meu sítio atualmente desativado, pode conter links "quebrados")

Desta vez só vou insensatamente jogar pedras n'água e fazer com que os respingos suscitem a auto-análise, pois longe de mim tentar concluir algo sobre a morte. Afinal, como diria o cineasta polonês Andrzej Wazda, "The most important thing is to make people think" (A coisa mais importante é fazer as pessoas pensarem).

A morte de outrem não é mais que uma extrapolação do sentimento de perda. Todos nós convivemos periodicamente com este sentimento. Verdade que muitas vezes a perda é transitória, mas algumas vezes não. E por que então a morte assusta tanto? Jogadores "natos" têm como uma habilidade a capacidade de aceitar este sentimento com muita freqüência, talvez devido à super-exposição. Procurei por algo que sustentasse esta minha teoria psicológica, mas infelizmente nada encontrei. Então por que, para nós, reles mortais, é tão difícil aceitar a perda?

Morrer também é outra tarefa difícil de aceitar. Mas e o que dizer das pessoas que querem morrer? Tentei também, em vão, procurar métodos indolores para provocar a "auto-morte". Porém, depois de uma hora procurando, deparei-me com a constatação de que se houvesse um sítio com dicas sobre "como suicidar-se sem sentir dor", além do número de acessos elevadíssimo, a taxa de suicídio certamente aumentaria horrores. Me lembro que uma vez alguém lançou um livro com um título parecido, mas se a censura existe na Internet, ela provavelmente veta páginas deste tipo...

Sempre tendemos a achar que somos "novos demais para morrer" e vejo que isto está na maioria das vezes associado à quantidade de projetos (sonhos?) que temos a realizar. A chave da questão é que a felicidade está em crer que os projetos nunca acabam, mas a vida sim. Portanto, devemos estar sempre preparados para a morte - desde que ela não seja dolorosa, claro. E se ela será daqui a 3 ou 50 anos, não acredito que seja o mais importante.

Pelo sim, pelo não, fiz o teste da morte em The Spark.com. De acordo com os resultados gerados através das respostas de 100 perguntas, a data prevista para a minha morte seria em 22 de julho de 2058, com 85 anos de idade. Enfim, o cálculo da "sobrevida" está nitidamente associado à capaciade (coragem?) de ser "porra louca" e os próprios criadores do sítio alegam que se fôssemos como eles, provavelmente já estaríamos mortos!

Há quem goste de chegar perto e voltar. A experiência de ter tido uma EQM (Experiência de Quase-Morte), ou o que os americanos chamam de NDE (Near Death Experience), pode ser deveras excitante, inclusive como mostra o filme "Linha Mortal". Bastante gente leva a sério o assunto e a "ciência" têm lá suas metodologias para induzir e potencializar os efeitos da EQM.

A filosofia de "morrer antes que os sinais da velhice apareçam" tem milhares de seguidores pelo mundo afora. Um curador de renome, Martin Maloney, resolveu criar em 1998 uma "coletânea" de esculturas de novos artistas em um projeto intitulado "Die young, stay pretty". Esta frase tem sido citada várias vezes em locais insólitos ao longo dos anos. Por exemplo, a banda Blondie, dos hits "Heart of glass" e "The tide is high", que depois de 15 após o seu término resolveu voltar à ativa recentemente, já citava esta frase em 1979, em uma música de mesmo nome.

Glenn 'Artboy' Zucman, um designer alemão, também cita a frase no seu sítio - com fractais muito interessantes, diga-se de passagem - quando faz observações sobre "almas e fatos", como ele mesmo diz, em uma crônica muito interessante sobre Sheck Exley, um matemático e estatístico que praticou durante 22 anos 'scuba diving' e escreveu dezenas de livros de renome sobre o assunto, onde comumente citava a célebre frase "somente uma pequena percentagem dos acidentes envolvendo mergulhadores experientes acontece ao mergulhar em cavernas muito fundas".

Portanto, Como Queríamos Demonstrar - o matemático Exley diria - as estatísticas não se sustentam quando a vida é posta em cheque. Mas se morremos fazendo o que mais gostamos, isso é a garantia de uma morte feliz? Como a vida "tem dessas coisas" (e a morte também, porque não?), nem seria preciso dizer que Exley morreu exatamente desta maneira em 1994, aos 45 anos, depois de ter realizado mais de 4.000 mergulhos, em uma caverna de 330 metros de profundidade no México.

Falando em México, o dia dos mortos provavelmente é a festividade mais popular por lá e teve a sua origem com os indígenas da região. Esta reunião tem como princípio a felicidade, ao contrário da tristeza habitualmente associada à morte. As crenças dos mexicanos dizem que oferendas fariam "a viagem até a morte" mais fácil. Entre as oferendas, o "pão do morto" é a mais interessante, em forma de um ser humano com um desenho de ossos cruzados. Outra bem popular é o "crânio de Marzipan". Entre as tumbas, pessoas tocam músicas, correm pelas ruas fantasiadas e festejam. As velas e os incensos, a comida e as bebidas, a música e as fantasias são apenas atrações para uma celebração da vida, e lembrar e honrar os mortos, para que habitem novamente por alguns momentos o mundo dos vivos. Uma exposição permanente muito interessante com algumas obras sobre este assunto pode ser encontrada no Memorial da América Latina, em São Paulo.

Dentro desse princípio, muito antes de conhecer a filosofia do dia dos mortos, eu sempre imaginei que a minha morte mereceria uma festa. Não do tipo "Ainda bem que aquele mala foi dessa pra melhor", mas para que pelo menos fosse fosse feito o exercício de celebrar a oportunidade de ter conhecido alguém especial. Pretensão? Claro... mas no fundo isso é o que talvez devêssemos fazer a todo momento. Afinal, a louvação não deveria ser só para religiosos e nem só a deuses.

E já que um ateu falou de deuses, finalizando eu gostaria de citar especialmente Nietzsche - o mais ateu dos ateus - concordando em gênero, número e grau com ele, quando "assim falou", entre outras frases inspiradíssimas: "A intensidade de minha emoção me fez tremer e rir. Minha melancolia quer descansar nos abismos da perfeição: para isto necessito de música. Não há melhor mel que aquele do conhecimento. No seu último sopro, ele criará a alegria de conhecer as nuvens que pesam sobre sua tristeza, será para você os seios, onde você poderá tirar o leite de seu reconforto e fará com que você se volte para a luz!". Outro fã de Nietzsche era Richard Strauss, que deu o nome da obra mais representativa de Nietzsche a uma de suas melhores peças musicais, "Assim falou Zarathustra", que não por acaso pontua uma das cenas mais belas do cinema em "2001 - Uma Odisséia no Espaço", de Stanley Kubrick, quando o monolito jogado ao léu faz um estupendo contraponto entre o homo sapiens e o homo "espacius".

Mas o magnífico Kubrick já é papo pra uma outra conversa... Até a próxima!